Daniel Baptista - COLUNA CAVANDO BURACOS
Primeiramente, não há nada mais a declarar sobre a conduta e a postura do cidadão Daniel Barbosa (mostrada no vídeo acima), o título acima já o define. Em segundo - e usando o surrado argumento de que somos uma nação multiétnica e com uma importante composição de imigrantes -, tais motivos são suficientes para cessar a discriminação com esses homens e mulheres que vem de tão longe para ganhar as suas vidas aqui. Ondas migratórias sempre existiram na humanidade. Foi assim que saímos da África, migrando. Foi assim que chegamos à América, e também a forma com a qual os hunos chegaram ao Império Romano. Foi assim também que os “bárbaros”, empurrados pelos hunos, chegaram e se miscigenaram com os romanos. Foi deslocando-se no espaço geográfico que espanhóis, portugueses, ingleses e franceses chegaram à América no século XVI para administrar a máquina colonial.
Italianos e alemães chegaram ao Novo Mundo no século XIX, fugindo da miséria e da fome, curiosamente o mesmo motivo da atual onda migratória haitiana e africana para o Brasil. E elas ainda ocorrem na Europa, como vemos diariamente nos jornais e portais de notícias. Navios cheios de afegãos, sírios e líbios fugindo de seus conflitos. Mesmo em crise, os EUA são o destino de milhares de latinos que se arriscam em cruzar a fronteira com o México, seduzidos pela luz de ouro de tolo do “american way of life”.
Há inúmeros fatores que motivam as ondas migratórias, como mudanças no meio ambiente, ameaças externas, perspectivas de enriquecimento em curto prazo, fome endêmica, guerras, miséria ou promessas de prosperidade. As razões sempre irão existir e continuarão a acontecer de tempos em tempos, seja qual for a sua necessidade. A necessidade é o motor da história.
E aos racistinhas enrustidos digo o seguinte: não me venham com bobagens do tipo “essa gente vai aumentar a criminalidade no país”, ou “esses vagabundos vieram aqui receber Bolsa Família” e etc. Não venham me dizer que o imigrante alemão e italiano era mais valoroso que esse imigrante haitiano, que era mais puro e mais honesto. Al Capone e a família Gambino que o digam desta suposta pureza e bom caráter europeu. Já procuraram conversar com esses homens e mulheres que estão pela cidade como ambulantes, no comércio e serviços ou então na rodoviária esperando os seus destinos? Façam isso e surpreendam-se antes de dizer asneiras.
Segunda-feira, dia 8 de junho, o programa CQC da TV Bandeirantes exibiu uma matéria em que a equipe de reportagem foi fazer um lero-lero com o mártir dos idiotas. Temos que ficar alertas com a relação passiva que temos com a TV. Apesar de deixar uma sensação de “viva! Chupa essa, otário!” a matéria exibida não resolve ou propõe nada para o crescente problema no País: o avanço das ideias extremistas de cunho fascista. A reportagem serviu apenas para dar a sensação de missão cumprida, de mais uma vez ter vingado o telespectador.
Infelizmente existem muitas pessoas como Daniel Barbosa, mas elas não têm a coragem que o nosso lunático anti-herói tem de falar e de se expor, sem medo das consequências. E esse é mais um perigo, o de um lunático desses servir de estímulo ou liderança para milhares de desinformados ou mal caráteres mesmo. Se isso ocorrer, essas pessoas serão tão idiotas quanto esse tal de Daniel Barbosa.
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