sexta-feira, 15 de maio de 2015

Servidores de Porto Alegre em greve contra PL do “Efeito Cascata”

Davenir Viganon
Durante a manhã de quinta-feira (14) ocorreu uma nova manifestação organizada pelo SIMPA (Sindicato dos Municipários de Porto Alegre) em frente a sede da Prefeitura da capital, onde os manifestantes receberam a proposta do prefeito. Na tarde do mesmo dia a assembléia dos servidores decidiu pela recusa da proposta e a greve que começa na próxima quarta-feira.

Os manifestantes, que passaram toda a manhã concentrados em frente a sede da prefeitura da capital, reivindicavam do prefeito José Fortunati que desista do atual PL 11001652232 e negocie um novo. O projeto prevê o recálculo do salário dos servidores e se aprovado pela Câmara Municipal estima-se que o salário dos servidores acabe reduzido em cerca de 30% que por sua vez seriam revertidos em abono que não se incorporam para a aposentadoria. Essa redução está sendo chamada de “Efeito cascata”, devida ao desconto salarial ser progressivo.
 
Os manifestantes pintaram no chão em frente a prefeitura o slogan

#SeTemPraFazendaTemParaTodosMunicipários que denuncia a contraditória medida do prefeito Fortunati de conceder um substancioso aumento salarial aos cerca de 150 auditores fazendários que passaram a ganhar cerca de 25 mil reais, enquanto os servidores atingidos pelo “Efeito Cascata” podem ter seus salários rebaixados abaixo do mínimo.

A grande maioria dos manifestantes são da área da educação, contudo muitos outros servidores poderiam ter participado da manifestação se não estivessem em condições precarizadas pela terceirização praticamente total no DMAE e DMLU e que também avança na área da Saúde, aponta Anézia Viero da ATEMPA que também critica a instalação do relógio ponto “que não corresponde ao trabalhador da educação que tem de levar trabalho para casa”, referindo-se ao tempo remunerado para os professores prepararem as aulas e corrigirem avaliações dos alunos. “Para o controle tem investimento, para o trabalhador não”, concluiu Anézia.

O grupo de professores das “Escolas dos Altos do Partenon”, zona leste da capital, se encontra desde ontem, quarta-feira (13), em frente à “loja da fazenda” (local estratégico de arrecadação), porta traseira da Prefeitura Nova, explicando aos contribuintes, que vinham buscar serviços fazendários, os motivos da manifestação dos municipários. Fabrício Costa, professor da Escola Morro da Cruz, explica que a mídia exerce papel decisivo em processos de reivindicação como este e que o trabalho de conscientização e diálogo com a população é fundamental. Acrescentou, também, que é preciso tornar visível para a população as precárias condições de trabalho nas escolas, como a falta de guardas, falta de professores, insuficiência de estrutura física e de recursos materiais, imposição e desrespeito a “hora-atividade”, o ponto eletrônico arbitrariamente imposto e tantas outros problemas, evidenciando assim o total sucateamento e descaso que o serviço público na área da educação vem sofrendo.

As 11hs da manhã a representação do SIMPA recebeu a proposta oficial através do  prefeito em exercício Sebastião Melo, de 8,17% (inflação) parcelado até maio de 2016 e por volta da primeira hora da tarde os manifestantes se dirigiram a assembléia que decidiu pela rejeição da proposta e pela greve, que começa na próxima quarta-feira.

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