Christian Silva de Castro
Ao compreender a instituição escolar como uma importante parte da formação de muitos indivíduos – em muito por seu caráter obrigatório – a escola acaba se tornando uma extensão da vida desses indivíduos, se não, a própria vida deles. Contudo, nem sempre a escola compreende, ou mesmo atende a todas as peculiaridades do seu público. Lembro que devemos considerar a escola como um organismo mutante que se adapta, ou pelo menos deveria se adaptar ao ambiente em que se insere.
Podemos pensar a escola como uma instituição refratária, ou seja, que reflita elementos do contexto em que está inserida, entretanto conforme mencionado, nem sempre a realidade condiz com os currículos escolares oferecidos. Este panorama gera alguns questionamentos que pretendo compartilhar. O currículo escolar reflete a realidade em que está inserido?
O que tem se visto nos últimos tempos é o surgimento de inúmeros programas através de iniciativas governamentais que tem provocado transformações graduais no currículo escolar introduzindo aos poucos no contexto nacional os conceitos relacionados à educação integral. Ao citar o conceito de educação integral e a ideia de a partir da educação básica formar indivíduos de forma plena. Ou seja, que dentro da escola o educando construa um sem fim de habilidades necessárias para a sua vida em sociedade como a leitura, a escrita, expressões artísticas variadas como a música e o teatro, as novas tecnologias, etc. Nesse sentido, a ideia da instituição escolar enquanto espaço de pertencimento “casa-se” perfeitamente com a essência do conceito de educação integral e a necessidade de reformulação do currículo escolar.
Para formar indivíduos de forma plena é necessária a ampliação dos espaços escolares estendendo os domínios da escola por todo e qualquer lugar além dos muros físicos da instituição escolar que demonstrem qualquer potencial pedagógico ou humanizador. Contudo, para que esta ampliação ocorra é necessária a compreensão dos indivíduos que compõem a instituição para que ela seja pedagogicamente efetiva.
Ao romper com as barreiras expressas pelos muros da escola a formação bancária, nas palavras de Paulo Freire, deixa de ser uma realidade estática para tornar-se uma realidade em transformação. A escola é, via de regra, um espaço de pertencimento pois é universal, atende a todos e todas sem distinção, ou pelo menos deveria. É necessário que os mundos de dentro e fora da escola se fundam em um só organismo vivo e capaz de moldar-se às necessidades do ambiente em que está inserida. A escola realmente faz isso?
Considera-se a escola como um ambiente de formação identitária, mas como formar indivíduos plenos se a escola atual não se debruça sobre todos os aspectos do meio em que está inserida? Questões como gênero, religião, sexualidade e preconceito passam, na maioria das vezes longe das salas de aula. Novamente a ideia da escola enquanto espaço de pertencimento torna-se opaca proporcionalmente a necessidade de revisão dos currículos e principalmente das práxis dentro das escolas.
Trazer para dentro do universo escolar elementos que existam no exterior é um passo importante para a transformação da escola em um verdadeiro espaço de pertencimento. Para que esta modificação ocorra uma série de alinhamentos entre a sociedade, a escola e o governo devem ocorrer de forma consciente e planejada.
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